sábado, 9 de junho de 2007

FEIRAS DE EMPREGO

Ler e compreender o que se lê exige esforço, empenho e resiliência. Sei que dos meus alunos nem todos gostam de ler. Aqui, peço desculpa ao ADÃO que este ano conseguiu ler de Pepetela “O Cão e os Caluandas” e “Parábola do Cágado Velho” e ao SÉRGIO que um destes livros também leu. Fico à espera que o ADÃO venha buscar “A Geração de Utopia” pois, após contar-lhe partes do livro, vi nele aguçar-se o espírito imenso da curiosidade. Os olhos brilharam, como só brilham os olhos de quem lê e compreende o que lê. A perspectiva do mundo em que vivem distendeu-se, ganhou contornos mais alargados. Apelando a esse ESPÍRITO DE CURIOSIDADE não resisto a deixar-vos parte de uma crónica de um director editorial que muito admiro, Drº Jorge Marques, sobre AS FEIRAS DE EMPREGO. Vale a pena ler:

“(…)A minha ideia sobre feiras de emprego seria um pouco ao contrário; é uma ideia que gostaria um dia de pôr em prática para ver o que acontecia. Na suposição de que neste mercado do conhecimento quem compra são as empresas e quem vende esse conhecimento são as pessoas, então as feiras seriam organizadas pelos vendedores de inteligência e talento e os compradores teriam que se deslocar a essa feira.

( …)Falamos muitas vezes de que queremos criar uma geração de empreendedores e não de dependentes, de líderes e não de subordinados… Então, devemos mudar também as regras; e a primeira delas é que sejam os candidatos a apresentar e a promover a comunicação do seu talento e – porque não? – a vender bem esse talento. No fundo, é assumir o conceito de mercado do conhecimento, muito mais do que mercado de trabalho ou mercado de emprego. É isto que eu sinto com muita frequência, esta dissonância entre a difusão de conceitos como os de uma sociedade do conhecimento, onde se diz que o valor é criado pela inteligência e pelo talento das pessoas e depois tudo continua como antigamente na sociedade industrial, onde o valor era do capital e da tecnologia.

Estou a imaginar uma feira onde compradores e intermediários saibam o que querem, por um lado, mas também podem ser surpreendidos, por outro. Haverá pessoas que eles nem imaginavam que existissem, porque não há pessoas iguais, nem perfis-tipo como se acreditava há uns tempos.

E reparem que numa banca há um aluno brilhante, um barra, como costumamos dizer. Aí percebam que foi um aluno dedicado aos estudos, que soube sacrificar tudo a esse objectivo. Numa outra banca, um aluno médio, um daqueles que enquanto estudou fez de tudo, desde trabalhar numa bomba de gasolina, nas casas de hambúrgueres ou como caixa num supermercado. Umas vezes porque precisava de ganhar dinheiro, mas muitas outras porque gostava de trabalhar e não sabia estar parado.

Mas nestas feiras também haverá talentos de outros países, uns já com mais experiência, outros que se sentem pouco aproveitados nas suas organizações… E os comprados e os intermediários sentem-se espantados com tanta diversidade.”

ADÃO, peço desculpa, também leste “O Deus das Moscas” de William Golding. Não gostaste tanto, mas é mesmo assim. Há livros que nos dizem mais que outros, mas como diz a jornalista e escritora ROSA MONTERO:

“Ler multiplica a vida por mil”

Fico a aguardar comentários ao texto
Sejam corajosos
Andreza Ribeiro

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